Em mil novecentos e nem me lembro mais, dançar era pré-requisito. Se o cara não soubesse ou, pelo menos, não se arriscasse, nada feito: ficava sem a mocinha. Bailes eram a sensação. Roupas novas. Cabelos alinhados. Existia uma mágica... Dois passos. Uma palavra. Muitos passos. Algumas histórias para contar. Naqueles momentos especiais os jovens tinham a oportunidade de conhecer alguém interessante, para viver algo além de uns minutos de diversão.
Hoje? Dançar? A sensação de tocar na mão? Do rosto colado? O romantismo está caducando. E conversar? Tornou-se mesmo coisa do passado. As pessoas não lêem. Não têm argumentos nem informação. Então, a conquista não acontece pelo o que elas podem oferecer às outras de mais profundo e humano. O ato da conquista é o de mover-se para tirar algo do outro. Um beijo. Fugacidade...
Nas noites das grandes cidades é fato corriqueiro: os homens aproximam-se cheios de mãos. “Laçam” por trás. Puxam pelos cabelos. Beijam sem perguntar o nome. E não vamos aqui inocentar as mulheres. Agora, a maioria só pensa em silicone, na chapinha, e em estar fashion. Além disso, acredita que a conquista do espaço feminino no mercado de trabalho, nas relações sociais e no poder dá à mulher o mesmo direito de grande parte dos homens: o direito de ser canalha e manter relacionamentos descartáveis, supersuperficiais (isso não é um erro de digitação!).
O lance é chamar as amigas para a “balada”, providenciar um “look” com muito brilho, curtir funk, tomar Red Bull. E só. O problema é esse: a restrição. E assim caminha a humanidade... Com a idéia de que estão aproveitando a vida, homens “pegam”, e mulheres se deixam “pegar”. E vice-versa.
Está socialmente estabelecido. Desejo acima de tudo e compromisso zero. Educação zero. Bom senso zero. Auto-estima zero. Juízo zero. Conhecimento zero. A soma é fácil. No final, o que resta? Nadinha. Um vazio que não é preenchido com outras festas, outros beijos, outros parceiros, outros nada-a-dizer.
Por que gostar de se divertir e curtir o momento é sinônimo de não ter conteúdo? Por que gostar de se divertir é não gostar de ninguém? E, às vezes, não se gostar? Carpe diem, sim! Fazer brindes à instituição do “ser raso” já é demais...
domingo, junho 20, 2010
quarta-feira, junho 09, 2010
Quando perde-se é o caminho
Quando se esta perdido nessa selva, algumas vezes é preciso algum tempo para você se dar conta de que esta perdido. Durante muito tempo, você pode se convencer de que só se afastou alguns metros do caminho, de que a qualquer momento irá conseguir voltar para a trilha marcada. Então a noite cai, e torna a cair, e você continua sem a menor idéia de onde está, e é hora de reconhecer que se afastou tanto do caminho que sequer sabe mais em que direção o sol nasce. Mas como voltar? Mas como prosseguir...
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